O regresso aos cortes e às tintas



Ao fim de quase dois meses em casa, todos os cabeleireiros do país puderam finalmente reabrir portas. Com os profissionais de cabelo de volta ao trabalho, as agendas foram altamente preenchidas. Fique com o testemunho destes profissionais que revelam toda a nova logística de trabalho, onde adotam as devidas medidas de segurança e higiene, impostas pelo governo.

Rodrigo Ortega, gestor de marketing dos salões de cabeleireiro Jean Louis David e das barbearias The Barber Company, partilhou connosco como tem corrido a reabertura dos nove salões da marca.




A desinfeção dos materiais de corte, a higienização das escovas e a utilização de toalhas descartáveis, já faziam parte da rotina diária dos colaboradores. Rodrigo revela que o que realmente mudou foi o conjunto de medidas mais alargado, no que diz respeito à utilização de “máscaras, luvas e viseiras, acabam por fazer diferença, dão desconforto físico, estar o dia inteiro num salão que, por vezes, acaba por ser bastante quente e trabalhar com ferramentas de calor, quererem sentir o cabelo dos clientes e não conseguirem por terem uma camada de plástico nas mãos, isso naturalmente dificulta um pouco as coisas”. No entanto, defende que se adaptaram rapidamente a estas medidas de higiene e segurança.

Os clientes, satisfeitos com a reabertura da marca, mostraram-se bastante recetivos a toda esta realidade e até com alguma curiosidade. Rodrigo conta, “no geral, os clientes aceitam bem as medidas de segurança, apesar de haver sempre uma ou outra exceção. Para nós, a segurança dos clientes e equipas é o mais importante e não permitimos exceções neste ponto. Por forma a manter a distância de segurança entre clientes, não estamos a atender à capacidade máxima dos salões, mas felizmente temos tido sempre a agenda cheia.”

Os salões Jean Louis David reabriram na passada segunda-feira, dia 4 de maio, no entanto, só tiveram a certeza que iriam reabrir todos os salões no fim de semana anterior, “a comunicação do governo inicialmente foi ambígua, não se percebia se iam só abrir os salões de rua ou se os de centro comercial estavam também incluídos”. Após a clarificação, por escrito, das entidades que gerem os centros comerciais, conseguiram organizar-se e abrir todos os salões a tempo.




Maria Lourenço, hairstylist e CEO da Maria Lourenço Cabeleireiros, depois de ter decidido encerrar todos os espaços na noite de dia 15 de março, antes do início do estado de emergência, revela que a decisão de reabrir foi mais difícil, “a ansiedade foi muita, com todas estas normas tive muito receio da reabertura. Os protocolos são muitos e estava muito ansiosa, curiosamente, correu muito bem, melhor do que estava à espera”.

Ao fazer as marcações dos clientes, contando com a ajuda do filho, com quem trabalha, reforça para que estes não levem qualquer tipo de acessórios, de qualquer forma, disponibiliza sacos para os clientes colocarem os seus pertences, que depois levam consigo e deitam fora. “Estão a aceitar tudo muito bem e percebem que estamos com todos os cuidados, não estão nada receosos, aceitam calmamente a situação. As marcações não foram muito obcecadas com o tempo, (que tinham de ser já esta semana), tivemos a possibilidade de marcar durante todo o mês, as pessoas têm sido incríveis”.

Para Maria, o lema é segurança! “Não quero ganhar tudo agora para perder tudo daqui a 15 dias. Estou muito concentrada na segurança, quero tudo como deve ser, para não termos de voltar a fechar.”

No Loft Inês Mocho, o top stylist e beauty expert, Pedro Valverde, radiante por voltar ao trabalho, partilha que a única dificuldade que sentiram foi a preparação para o arranque, “não havia uma informação concreta, só tivemos mesmo no dia. Andámos todos a comprar tudo o que é descartável e desinfetantes, uma vez que é necessário desinfetar tudo com o máximo rigor. Mas não senti dificuldade, é mais um sentimento de: será que vai correr bem, será que vai correr mal”.

A nível de informação das normas, o espaço contou com a ajuda e o apoio da Redken, Pedro consultou ainda vários profissionais de saúde para ter a certeza de que tudo iria correr da melhor maneira possível e, juntamente com Inês Mocho, CEO do espaço, de forma a não existirem falhas, tudo foi pensado ao pormenor. “Para nós correu muito bem, mas acredito que aquelas pessoas que trabalham sozinhas, como há muito em Lisboa e na periferia, com cabeleireiros muito pequenos, estejam com grandes dificuldades, o material descartável está muito caro”.




Com tudo muito bem programado e ao pedirem às clientes para que não se atrasem, uma vez que compromete toda a logística de trabalho, têm conseguido prestar facilmente os serviços de forma segura, tanto para os colaboradores como para os clientes. “Nós enquanto empresa, temos todas as condições possíveis para que corra bem, tudo o que seja esterilizado é posto em sacos selados, que são posteriormente abertos à frente do cliente, nomeadamente os objetos metálicos, de manicure e pedicure, que estão em contacto direto com a pessoa. Temos desinfetante à porta, se a pessoa fizer questão de usar luvas, nós temos, pézinhos também. Distribuímos desinfetantes por tudo o que é bancadas e casas-de-banho”.

Pedro Valverde finaliza com a preocupação em reciclar. “Andámos o ano passado inteiro em que deixámos de consumir plástico e este ano vamos todos usar. As luvas são de plástico, as máscaras são de tecido não tecido que acabam por ter componentes plásticos, penteadores de plástico, aventais de plástico, toalhas descartáveis que, a nível ambiental, vão criar um grande impacto. Nós estamos a reciclar, mas acredito que muitos salões não o vão fazer, tendo apenas um caixote do lixo onde colocam tudo, sem haver a devida separação”.




Fátima Pinto, gerente e hairstylist da Fátima Pinto Cabeleireiros, admite ter sentido alguma dificuldade, “tivemos de adaptar o espaço, alterar a sua funcionalidade, utilizando cadeira sim cadeira não, como tenho oito bancadas, dá para fazer isso”. Tem máscaras para venda, caso a cliente não leve, oferece manguitos para as clientes que vão de manga curta, tem disponível álcool em gel e um tapete onde coloca toalhas com desinfetante, que troca várias vezes ao dia, para que se possa desinfetar o calçado.




Tem tido muita procura e, com a ajuda das suas duas colaboradoras, consegue marcar três pessoas para a mesma hora. “As clientes são fantásticas, têm cumprido todas as normas, quando vêm pintar o cabelo trazem duas máscaras: uma para usarem durante a coloração e outra que colocam após a coloração, uma vez que a parte dos elásticos fica molhada ou com tinta”.

No geral, Fátima garante que tem sido um regresso muito positivo. Revela que tinha muita vontade de voltar a trabalhar e que é ótimo ter reaberto portas.




Que esta reabertura se mantenha e que os nossos profissionais de cabelo continuem a desempenhar o seu papel na vida e na imagem de todas as pessoas que usufruem dos seus serviços.


 


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